Fui convidado a participar em “Às terças com…”, do site da Arquidiocese de Évora, na minha qualidade de reitor do Seminário Maior. Nesta primeira entrega sinto-me impelido a comentar convosco, amigos leitores, as recentes Normas para a Formação Sacerdotal (Ratio fundamentalis), publicadas pelo ‘Secretariado da Congregação para o Clero para os Seminários’, no dia 8 de Dezembro passado.

As Normas anteriores, fruto do Concílio Vaticano II, foram publicadas em 1970. Os tempos mudaram muito desde aquela altura. Urgiam umas novas Normas para atualizar a formação sacerdotal.

A Ratio fundamentalis (RF), válida para toda a Igreja Católica Latina, deve ser adaptada à situação de cada país (Ratio nacional) pela respetiva Conferência Episcopal e, posteriormente, cada Seminário redigirá o seu Projeto formativo, adequando a Ratio nacional às circunstâncias particulares. A Ratio nacional portuguesa, que aplicava as Normas de 1970, foi publicada em 1992; o Projeto Educativo do nosso Seminário, em 1998.

Destaco três aspetos marcantes, de carácter geral, da nova RF.

Dá grande importância e margem de manobra à Conferência Episcopal na elaboração da Ratio nacional.

Seguindo a esteira da Exortação Pastores dabo vobis, de São João Paulo II, propõe a formação sacerdotal como um tudo: “formação inicial” e “formação permanente”. O padre não deixa nunca de ser discípulo e formando. A formação deve prosseguir sempre. É por isso que a formação do Seminário é apenas “formação inicial”, e “formação permanente” a que deve prosseguir durante toda a vida.

A “pastoreação” é o traço mais significativo da nova RF. A identidade própria do padre é ser pastor, sacramento do único Pastor, Jesus Cristo. Toda a formação, nas suas diversas dimensões, tem como objetivo formar o pastor.

“Pretende-se que os Seminários possam formar discípulos e missionários ‘enamorados’ do Mestre, pastores ‘com cheiro de ovelhas’, que vivam no meio do rebanho para o servir e levar a misericórdia de Deus” (RF, Introdução, 3f; 89, 119).

Pe. Vicente Nieto