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FAMÍLIA: PRIMEIRO SEMINÁRIO

A fé batismal é o húmus em que florescem todas as vocações, porque as vocações são os modos de vivermos na idade adulta a nossa condição de cristãos. Se faltar este húmus ou for pobre em nutrientes, os cristãos não viveremos vocacionalmente, quer no matrimónio, na profissão, no sacerdócio ou na consagração religiosa.

Se a família – Igreja doméstica, primeiro seminário – não cultivar nem transmitir a fé, não teremos discípulos missionários que vivam a profissão, o matrimónio, o sacerdócio ou a consagração religiosa como autênticas vocações cristãs.

Cabe a pergunta: a paróquia ou os movimentos apostólicos não poderiam suprir a família na gestação, na transmissão ou no cultivo da fé? Excecionalmente, sim; habitualmente, não. De facto, estamos a ver que cada vez há mais conversões para a fé cristã na idade adulta. As Normas da Formação Sacerdotal, recentemente promulgadas, consagram um apartado a tratar das conversões na idade adulta que desabrocham em vocações sacerdotais.

A família é o primeiro seminário de todas as vocações e não apenas da vocação sacerdotal, por ser o seminário da vida cristã. O sentido etimológico do termo “seminário” é: viveiro ou alfobre onde nascem, crescem e se cultivam as sementes; em nosso caso, as sementes da fé, que mais tarde florescerão nas vocações particulares dos cristãos, sem excluir a vocação matrimonial.

As crises que tocam às vocações para o sacerdócio e para a vida matrimonial, sendo muito complexas e tendo também outras causas, enraízam na crise fundamental e primordial da família quanto geradora, cultivadora e transmissora da fé e dos valores.

Toda e qualquer renovação da vida, também da vida cristã, começam pela renovação da família, seminário e sementeira da fé e das vocações.

Pe. Vicente Nieto